quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

queridos amigos da minha vida,

Me desculpem! Esse ano, vai faltar uma mensagem personalizada e criativa para cada um de vocês pois hoje é dia 31 e eu ainda não pensei em que comida vou levar para a festinha de Réveillon.

Por isso, decidi fazer uma carta genérica e cheia de indiretas, que vocês podem até reaproveitar, se quiserem.

Se você é um parente meu, gostaria de te desejar saúde! Por que, posso até não confessar, mas sempre fico feliz quando penso na minha família grande e repleta de dramas e emoções. Sei que você, parente, provavelmente também queria mais dinheiro em 2015. Mas, com saúde, tudo se resolve.

Se você é um(a) amigo(a) que fez muito parte da minha vida em 2014, desejo que você continue sendo esse santo(a) que me suporta e que permaneçamos nos encontrando nos nossos caminhos. Desejo que você consiga passar nas seleções que está prestando; que comece e termine a sua nova pós e encontre um emprego melhor; que você seja feliz no lugar em que escolher morar (em Brasília, em SP ou onde for...); que você continue contribuindo para um mundo melhor com seus estudos e suas lutas. Principalmente, desejo ter sido para você pelo menos metade do refúgio de felicidade e amor que você representa para mim.

Se você é um(a) amigo(a) de trabalho ou de estudos, desejo que você consiga crescer e aprender cada vez mais. Que continue enfrentando os desafios da sua pesquisa e que encontre os melhores caminhos metodológicos. Agradeço por ter feito os melhores amigos possíveis nessa jornada e desejo, novamente, que nossos caminhos sempre se encontrem: nas leituras, nas reuniões e nos eventos.

Se você é um(a) amigo(a) antigo e/ou distante, peço desculpas por não ter mantido um contato mais frequente. Mas agradeço por esse abraço sempre disposto com o qual você me recebe nos reencontros. Se ainda não nos reencontramos, saiba, pelo menos, que estou sempre abrindo o sorriso e ficando emocionada quando acabo sabendo das suas conquistas: do noivado, da aprovação no doutorado, do sucesso nos concursos, da GRAVIDEZ, do sonho da viagem internacional realizado, etc. A tua felicidade é sempre um aconchego quando a rotina começa a pesar demais sobre os ombros. 

Se você é um ex-namorado, desejo que não guardemos lembranças ruins ou mágoas. Às vezes parece impossível, mas, quando penso em você, tendo a pensar bastante na sorte que tive de encontrar uma pessoa com o coração tão bom, tão talentosa e tão cheia de potencial para se dar bem no que quiser (e se dedicar, claro). Espero que consigamos encontrar um caminho para mantermos a nossa amizade.

Se você não está em nenhuma dessas categorias (e consigo pensar em várias pessoas para as quais eu deveria criar categorias exclusivas), saiba que, em geral, olho as pessoas ao meu redor com muita admiração. Você é uma inspiração! Continue lutando a sua batalha, se mantenha firme nos seus propósitos, encontre pontos positivos no seu cotidiano e tente sempre pensar que a moça da sua frente na fila do supermercado (que está arruinando o seu último dia do ano com tanto atraso) também passa por problemas e também pode estar passando por um dia ruim.

Se você é Carolina, Izabel ou Mariana, desejo muitas das coisas que desejei até agora e mais: sucesso, dinheiro, amor, prazeres! Desejo que consigamos, por muitos mais anos, trocar cartinhas e mantermos essa vontade de saber da outra, do pequeno, do irrelevante, que caracteriza as relações cheias de amor.

Quando receberem, me amem! Ops, me avisem.

Com muito carinho,
Seane.




sábado, 27 de dezembro de 2014

querido aplicativo de receitas,

Imagino quantas vidas você salvou nesse Natal, além da minha.

Quantas pessoas não prendadas, aspirantes a prendadas e mesmo cozinheiros de longa data não fizeram uma breve consulta pra conferir a lista de temperos, aquela xícara de chá de qualquer coisa ou uma outra medida.

Pra fazer supermercado, então,  nem se fala! Facilitou de-mais. Não foi a primeira ceia natalina que cozinhei,  longe disso, mas, com certeza, foi a que saiu mais fácil, graças à sua ajuda.

Um amigo meu disse outro dia que baixar você já é um sinal de "tô pra casar", mas acho que tá mais pra "tô me virando sozinho" mesmo.

Vai atualizando no automático e acrescentando umas receitas e, quando receber, me avisa.

Beijo,
Bel


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

querido recesso de fim de ano,

Como você é bonito e encantador. É muito bom acordar e saber que você está aqui. Você está para além de um folga longa: você é liberdade pra despertar, reflexão natalina, plano para o novo ano, filminho no meio da manhã, soneca no meio da tarde.

Esse desapego temporal e ausência de rotina é o que faz a gente sentir a vida de fato. Vida sou eu pensando em mim, estando mais perto de quem a gente gosta, sendo feliz.

Viva o ciclo que te traz!

Quando receber, me avisa.

Beijos,
Carol


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

queridos dias de férias,

No começo, eu até achei que o problema podia ser a minha falta de organização de sempre. Mas, agora, tenho quase certeza que vocês estão vindo mais curtos que normalmente.

Fico tentando fazer planos e marcar coisas no meu calendário, mas vocês sempre dão um jeito de passar de uma forma inesperada e frustrar todas as minhas tentativas de ter algum controle sobre as minhas férias! Cheguei em São Luís no começo do mês e, veja bem, amanhã já é véspera de Natal!

Por favor, tentem passar mais devagar! De preferência, passem em um ritmo em que dê tempo para eu ler um livro de 1100 páginas, correr na praia todo dia e, de quebra, ainda olhar pelo menos uma pessoa querida por dia. Não é pedir demais, convenhamos.

Quando receber, me avisem e não demorem para responder pois não temos tempo a perder.

Beijos corridos,
Seane.


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

querida gripe,

Não preciso nem perguntar como você está, porque, pela força com que se manifesta em mim, acredito que você esteja excelente. Já eu... tô só o pau da placa.

A verdade é que já estou farta da sua insistência. Se os remédios, chazinhos, pastilhas e todo o mel não serviram para passar a mensagem, aqui vai uma cartinha para ver se você se toca de uma vez por todas: cai fora (de mim)!

Espero que a mensagem tenha sido suficientemente clara. Quando receber, vai procurar outro a pessoa para se instalar.

Mariana.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

queridos Andes,


Ainda estou encantada.

Os 12 dias que passamos juntos nessas férias foram os melhores dos 26 que elas duraram. Nesse tempo, você nos acompanhou por mais da metade das cidades que visitamos, seja no Chile ou na Argentina. Juro que, mesmo tendo passado meses pesquisando sobre o que fazer por aí, não imaginava que seria tudo tão tão lindo.

A começar por Santiago: bonita, organizada, eficiente e tão charmosa quanto qualquer cidade cercada por você e por vinícolas poderia ser. Cajon del Maipo é qualquer coisa de espetacular, daqueles lugares pra parar e contemplar a imensidão azul/verde e as montanhas, ouvindo o barulhinho da água levada pelo vento até as margens do lago (contemplação meio doída porque o frio estava de lascar, convenhamos – OK, sei que fui de short).

Daí pro sul, tudo fica ainda mais incrível. Pucón vai morar no meu coração e no do namorado, tenho certeza. O frio, as pessoas, as casinhas de madeira, a comida deliciosa e você, como sempre, fizeram a moldura ideal. Os vulcões são um caso à parte e mostram que nem todo dia você está assim tão quieto. Subir o Villarrica foi uma das coisas mais insanas que me meti a fazer e, mesmo não podendo chegar até o cume, já valeu pra que eu pudesse te conhecer melhor e ter mais consciência dos meus limites.

Aliás, acho que esse é teu grande lance: você nos faz sentir impotente e sujeito ao que vier daí, seja neve, água, lava ou pedra. Um bom lembrete de que a gente não é nada em comparação à imensidão da natureza, por mais que a gente se esforce para subjugá-la. O povo chileno com certeza é um dos mais cientes disso, pelo tanto que passam por terremotos, vulcanismo e outras situações tensas.

Villarrica, Puerto Varas, Puerto Montt, Frutillar...outros cantos incríveis, cada um com um charme e características próprias, quase completamente diferentes, mas, em comum, você olhando todo mundo de cima sem deixar que a gente canse de te olhar, em todos os lados. E pra selar o nosso encontro, Mendoza e o Parque Aconcágua. Teste de resistência caminhar por ali com tanto vento, poeira e frio, mas valendo cada minuto por ver as coisas incríveis cravadas e esculpidas nas montanhas, por séculos a fio, pela chuva e pelo vento.

Depois disso, o restante da Argentina ficou até meio sem graça, rs, porque não tinham mais montanhas e lagos azulindos pra olhar. Mas sei que ainda tem mais. Não fomos ao Norte, pro Atacama, e acho que essa é uma boa desculpa pra voltar, não é? ;)

Se puder, deixe tudo ainda mais lindo pra quando voltarmos e, quando receber, me avisa.



Beijo,
Bel







segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

querida segunda,

Toda vez que você vem, não sei o que me dá, mas o ritmo ao meu redor demora a esquentar, meu raciocínio fica pastoso e, invariavelmente, estaciono o carro todo torto.

Mas hoje, quando você chegou eu praticamente tive que ressuscitar. Com isso, além do carro torto, das brumas de lentidão, ao invés de dar o cartão do banco, dei para a atendente do restaurante onde almocei o meu CPF. Nem débito, nem crédito, só falta de atenção.

Amanhã vai ser melhor.

Quando receber, me avisa.

Abraços,
Carol.

sábado, 29 de novembro de 2014

querido moço do tinder,

E esse café, quando sai?

Quando receber, me avisa para a gente combinar.

Ps.: prometo não sugerir Starbucks.

Beijo!
Seane.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

querida dona Eliane,


Desculpa não estar aí no dia do seu aniversário.

Mãe, foi só dessa vez, viu. Tô já voltando das férias e levando quilos de saudade e alguns presentes.

Acho que esse mês de férias deve ter sido bom pra nós duas. A senhora nunca tinha ficado sozinha desde que Lívia e eu nascemos e raramente passo todo esse tempo fora, então pode ter sido uma pausa boa nas nossas vidas e uma chance de repensar algumas coisas.

Mas esse papo não é pra agora, o que importa é: FELIZ ANIVERSÁRIO.

Te amo muito, inclusive os defeitos, dos quais herdei muitos.

Segura mais um pouco e, quando receber, me avisa.


Beijos,

Bel



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

querida ansiedade,

De novo, amiga? 

Sabia que você vinha, mas não precisava chegar com uma semana de antecedência. Meu pescoço não aguenta o seu peso. Meus músculos já estão doloridos. Dá um tempo, cara!

Pelo visto você está se sentindo parte da família. Sei que você fica até a sexta, mas vê se não bagunça muito a casa. Dessa vez, tira o tremilique da minha perna. Seja sensata.

Quando receber, me esquece.

Carol.

domingo, 23 de novembro de 2014

querido Pipoca,

Fico aqui pensando em como esta carta te encontrará no seu aniversário de 36 anos. Esta é a idade que tenho agora, por isso é um marco tão importante para mim.

Começo, aos poucos, a sentir que toda a minha vida fez sentido, tudo maquinou para me trazer até aqui. Mesmo aquelas lombadas, patrulhas e buracos infernais pelo caminho.

Quando você nasceu eu não era eu ainda, entende? Eu era alguém em construção. Apesar de nunca ter negligenciado amor talvez tenha negligenciado atenção. Espero, do fundo do coração, que você entenda que são coisas diferentes.

Por um lado, acho que foi bom porque você aprendeu a se virar sozinho e a assumir responsabilidades pelos seus atos desde muito cedo. Foi a grande lição que seu nonno me deu, e eu, aos trancos e barrancos, tentei passar para você:

"Não culpe os outros, vá lá e faça acontecer.”

Eu poderia destilar uma lista de desculpas, das mais banais como “desculpe por não estar presente em cada uma das suas apresentações da escola”, até as mais doídas como “desculpe por não ter ido a sua festa de 10 anos”. Eu sei que ela foi muito importante para você...

Mas decidi não engarrafar essa bebida amarga hoje. Como disse, eu era uma pessoa em construção e essa pessoa precisava cimentar seu caminho para poder caminhar segura até você.

Por todas as vezes que você me abraçou no carro do nada e me disse “te amo, que saudades”, eu me desmontei em mil pedaços. Mas hoje eu me rejunto.

Por todas as vezes que conversamos por horas, sem alarme para ir embora, eu me realizo por ter em você uma alma tão irmã.

Enquanto escrevo tenho 36 anos e você 14.

Hoje você é meu amigo-filho, para quem tenho o maior prazer de ensinar e mostrar a vida real, sem maquiagem. Bela e assustadora, ao mesmo tempo.

Toda vez que você ri e entende as minhas entrelinhas nos discursos inflamados (e sua mãe é uma pessoa que fala, você sabe) vejo que somos iguais, mesmo depois de termos sido diferentes por tanto tempo.

Obrigada por ter respeitado meu tempo de construção. Obrigada por nunca ter me julgado, cobrado ou condenado.

Você me ensinou a ser tolerante, compreensiva e muito mais amorosa. Essas são lições muito mais importantes do que eu jamais serei capaz de te ensinar.

Enquanto você lê tenho 57 anos e você 36.

Espero que esta carta te encontre pleno, sempre em busca de você e consciente do mundo que nos ronda: implacável, maravilhoso e cheio de possibilidades. Se existe algo que não mudou durante todos esses anos é o fato de eu te amar, simultaneamente, de todas as maneiras possíveis.

Quando receber me avisa.

Mamãe.











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Bia Lombardi é autora do Bramare, cantora da Bellatrix e diretora criativa da marcaVIVAdesign. Já teve um filho, escreveu um livro e, multitask do jeito que é, com certeza também já plantou uma árvore.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

querida Bola de Sebo,

Sinto muito por ignorá-la por tanto tempo, mas a demora não mudou nada: te admiro absurdamente. Te admiro ainda mais por saber que você é uma personagem da guerra de 1870, de um texto publicado por Maupassant apenas dez anos depois, e, ainda assim, tão moderna.

Estou te enviando essa carta para te contar umas coisas aqui do futuro. Sabe, não conheço muito bem o Maupassant e não sei exatamente o que ele pensou ao te criar, mas, vamos combinar, você é uma mulher incrível! Prostituta, zoada por ser gorda, mas com uma consciência do seu corpo que nunca vacilava, por mais que te dissessem que "já que você deu para muitos, não custa nada dar pra esse prussiano".

Não quero contar toda a sua história aqui, mas queria lhe dizer que, depois que eu a li, eu fiquei tão assustada! Desde o final do século XIX, você já tava mostrando a dor que é a mulher não poder ter o controle dos seus desejos e dos seus parceiros, e essa lição já devia ter sido aprendida.

Sei que isso não deve animar em nada você, mas a minha sociedade e o meu tempo ainda olham feio para a mulher que diz sim ao homem que ela deseja, criaram até um novo conceito para gerar preconceito, um tal de "fulana é fácil". Porque a mulher ainda não pode ter um papel ATIVO nas escolhas. A facilidade, no caso, foi do homem de conquistar/enganar aquela fulana. Aqui, ainda quase não se fala de "fulana quis".

Mas, ainda pior, é que a minha sociedade e o meu tempo ainda não respeitam a mulher que diz não. E continuam violentando verbal e fisicamente, essas mulheres. Para ocultar um pouquinho que as coisas não mudaram muito, hoje a gente escuta que as mulheres dizem não "para fazer charme", "para se fazer de difícil". E são essas crenças que justificam alguém passar por cima da vontade da mulher.

Imagino que tudo isso deve estar te deixando ainda mais triste. Mas não fique! Se alguém ficou mal naquela história com o prussiano, com certeza, foram aquelas pessoas que estavam com você. E você é uma personagem tão inacreditável que, eu acredito, ainda tem muito para nos falar sobre os dias de hoje.

Quando receber, não precisa avisar, mas saiba que eu recebi seu recado.

Abraços,
Seane.



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

querido drama,

Por favor, abandone o meu corpo! Eu já desisti de transformar a minha experiência de vida em uma novela mexicana e ficar rica, não preciso mais de você!

Lembro quando você apareceu na minha vida e eu te acolhi de braços abertos, como se você fizesse parte de mim. Depois de te conhecer, tentei me desenhar várias vezes sentada em um cantinho escuro embalada por alguma tristeza e a música Falling do Lacuna Coil. Sim, você me influenciou a ser gótica.

Hoje, no entanto, queria mais era me pegar sentada em uma pracinha ensolarada ao som de uma bandinha indie ridiculamente dançante. Para isso, preciso que você me deixe um pouco em paz. Experimente, por exemplo, atormentar a cabeça dos adolescentes que leram Crepúsculo. E, se possível, pode comentar com a sua amiga Tranquilidade ou mesmo com aquela Paz Interior, que eu estou precisando de um pouco de ajuda.

Quando receber, pode deixar que o seu whatsapp já me avisa. 

Adeus,
Seane.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

querido frio,

Você vem chegando tímido, mas vem chegando... e quer saber do que mais? Seja bem-vindo!

Não foi um ano de muito calor, é verdade. Mas juro que já tava sentindo uma pontinha de saudade. Olhava pros casacos e pros pijamas quentinhos e até suspirava...

Agora que vai ser o meu segundo inverno por aqui, acho que estou um pouco ambientada. E apesar de ser ultra friorenta, vou tentar aproveitar os dias frio sem desejar ficar eternamente  encavernada embaixo de 239789483 edredons.

A única coisa que peço é que venha acompanhado com menos chuvas que no ano passado. Porque, cara, se for aquela chuvarada louca de novo, não tem saudade que me faça sair da cama pra aproveitar o dia.

Quando receber, me avisa. E manda vários dias de frio com céu azul.

Um abraço,
Mari.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

querido Facebook,


Não sinto saudades.

É apenas maravilhoso ficar alheia às coisas de vez em quando. Não saber o meme que a galera anda compartilhando, quem casou/noivou/namorou/terminou ou qual o motivo da revolta do momento. Não saber nem o resultado do último jogo do São Paulo no Brasileirão.  

Só tô procurando saber do dólar, mas pra isso não preciso de você.

Não pretendo te largar de todo, porque seria hipócrita dizer que não preciso de você, inclusive profissionalmente. Só acho saudável manter distância de vez em quando.

Guarda as top stories pra me mostrar depois e, quando receber, me avisa.

Beijos

Bel 


domingo, 9 de novembro de 2014

querido Doutorado,

Nós dois sabemos que nossa relação chegou ao fim. Precisamos aceitar que não dá mais. Não nos aguentamos mais. O fim é inevitável, irremediável. Foram anos de muitas idas e vindas, muitas reclamações e muitos mal entendidos.

Perdi muitos finais de semanas, passeios com os amigos, viagens e domingos de sol. Não que eu goste de praia, mas eu queria ter a possibilidade. Nem tenho tempo e dinheiro pra viajar tanto assim, mas eu queria apenas poder. Mas você me cobrou muita atenção e eu, como todo bicho acuado, fugi para longe e me escondi. Eu também te escondi para ter a possibilidade de viajar, de ir à praia e de passar o dia com meus amigos. 

Mas eu tinha que voltar. Eu quis voltar.

Perdi mais cabelos nesses 4 anos do que o normal. Ganhei mais quilos do que eu podia prever. E você, mesmo assim, continuou a me cobrar, pressionar e acuar. Não foi fácil pra mim. Sei que não foi fácil pra você também.

Ganhei muitos amigos, dei boas risadas e surgiram piadas ma-ra-vi-lho-sas por sua causa. Assumo sem reservas a sua importância na minha vida. 

A música entrou por completo na minha vida. E muita gente veio entre artigos e livros. Fiz algumas viagens que renderam bons momentos e muitas fotos.

Você vai fazer falta, queridx. Não vou sentir saudades dos prazos nem das cobranças. Vou sentir falta da transformação constante que você me fez passar, mesmo com minha relutância. 

Não leve a mal minhas reclamações. Eu vou sentir uma puta saudade de você. 

A gente se vê um dia desses. Não sou de me desapegar por completo.

Quando receber, me avisa.

Eduardo.














*****
Eduardo Dias é publicitário, professor universitário e procura um sentido pra vida após o doutorado.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

querido instrutor da manhã,

Não adianta vir me chamar de linda e nem me prometer série nova pro bumbum agora. Quando eu comecei a ir no seu horário, você nunca botou fé na minha cara.

Não adianta dizer que não é verdade. Já vi você ajudar muita gente enquanto eu me lascava malhando all by myself. E lembra quando eu pedi série nova? Você olhou pra minha ficha e só disse que a série já estava boa.

Bom, agora você gostou do meu corte de cabelo e quer me ajudar a ficar com a bunda grande, mas eu não preciso mais da sua ajuda!

Quando receber, me avisa e esquece tudo isso que eu escrevi. Era brincadeira! Me ajuda a fazer o agachamento livre amanhã?

Abraços,
Seane.



domingo, 2 de novembro de 2014

querido coque,

Preciso te confessar: sou apaixonado por ti. Tua beleza ofusca os demais penteados. Só tenho olhos pra ti. Sei que não devia me expressar dessa forma, pois corro o risco de você tripudiar sobre mim. Mas, quer saber? Quero correr todos os riscos ao teu lado. Nesse emaranhado de cabelos. Enroscar minha vida na tua, feito nó cego, pra não desatar mais.

Dizem que procuramos na nossa alma gêmea – sim, parece piegas, mas acredito em alma gêmea, aquele par de sapato velho reservado pra você, seu numero – um pouco da nossa mãe. Minha mãe usa diariamente o coque. Na certa, pela convivência, aprendi a reverenciar esse penteado. Ele valoriza o rosto. Deixa nu pescoço e nuca. Um claro convite, desses irrecusáveis.

Você nem desconfia, mas reprovei numa cadeira por sua causa. Me encantei com o balé de mãos duma moça no ônibus, era a necessidade do momento ver aquele coque feito, esperei hipnotizado e quando dei por mim estava noutro bairro, longe do ponto em que devia descer. Você me deve essa.

Noivas te usam em cerimônias de casamento, há prova maior da tua importância? E falando em casamento, pra quando marco o nosso? Imaginei na praia, primavera…

Espero que você me compreenda, que não fuja correndo por confessar minha paixão por ti e esteja disposto a me dar uma chance. Embarca nessa comigo.

Quando receber, me avisa.


Eduardo Papke Rocha














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Eduardo Papke Rocha tem 24 anos e é formado em educação física. Gaúcho e capricorniano, mas não acredita nesse lance de signos, acredita mesmo no amor. Ah, se apaixona mais no ônibus do que em balada. Tem um blog: O Barrense.

sábado, 1 de novembro de 2014

querido mochilão,



Vem com tudo que eu estou fácil.

Depois de meses de planejamento, orçamentos, pesquisas, gastos e alguns sacrifícios, finalmente você chega. Vai ser intenso, eu sei, vai sair caro, eu sei, mas vai valer a pena DE-MAIS!

Acho que a companhia não poderia ser melhor <3 e o momento não poderia ser mais oportuno: basta lembrar que eu NUNCA tirei um mês inteiro de folga desde que comecei essa vida louca de professora de inglês-universitária-estagiária-publicitária, lá pelos idos de 2006.

Fora que 2014 foi puxado, pra mim, pro Brasil e pra Dilma.

Que até os momentos de sono sejam bons e que, no fim, eu chegue em São Luís com aquele cansaço bom que marca todas as minhas melhores viagens.

Quando receber, me avisa e te despacha pro Chile.

Beijos,

Bel 



sexta-feira, 31 de outubro de 2014

queridos tarados do trânsito,

Primeiro que querido é o caralho. Seus filhos de rata, nenhuma mulher é obrigada a tolerar as barbaridades que vocês cometem no trânsito. Antes de tudo, vou esclarecer o conceito de paquera: consiste em um contrato de flerte entre as partes. O que foge a essas linhas, é pertubação de juízo e/ou violência.

Portanto, se você olha para mim e eu viro a cara, você foi ignorado. Mas trocarmos olhares e, porventura, eu sorrir, estamos paquerando. Serve para as duas partes.

Agora, se eu ignoro, fecho o vidro, acelero é porque você já passou da medida. Se você me seguir, me trancar, fizer gestos horrorosos é porque você não passa de um doente com transtorno sexual. Amigo, isso é violência. 

Na última terça-feira, você que me seguiu ali perto da barragem do Itaqui-Bacanga e não contava que 1) eu soubesse dirigir bem, 2) estivesse atenta, 3) tivesse um carro da polícia na nossa frente, se deu um pouco mal. E sabe o que eu achei? Pouco.

Quando receber, não precisa avisar.

Espero que você morra mesmo.
Carolina.



quarta-feira, 29 de outubro de 2014

querido companheiro de apartamento,

Eu desisti de tentar mudar você! Lá no comecinho, quando eu disse que ia entrar de dieta, eu até te avisei com carinho que não precisava mais trazer leite condensado para os meus dias de TPM.

Depois, quando eu já estava na dieta, tentando me libertar do meu vício por doces, você começou a descobrir novas modalidades de trufas e trazer para casa. Muitas vezes, reclamei e pedi que você não trouxesse mais cones, mas você sempre presumia que, pelo fato deu ter comido os que estavam na geladeira, era preciso repôr o estoque.

Depois de muito lutar e resistir, eu decidi te aceitar e admitir: você é realmente o melhor amigo para se dividir um apartamento! Obrigado pelas trufas, pelas dindas, pelos brigadeiros e beijinhos. E, hoje especialmente, obrigada pela coxinha de brigadeiro.

Quando receber, me avisa, mas não precisa aumentar a encomenda de cones.

Abraços,
Seane.




terça-feira, 28 de outubro de 2014

querido tatu,

Você é um bichinho tão bonitinho (não ligue para o que dizem por aí) e tem uma cara de gente boa, que eu tenho até vergonha de usar o seu nome para apelidar umas pessoas desagradáveis que têm cruzado o meu caminho.

Sabe o que me faz sentir ainda pior? Tenho usado o seu nome em vão! Você nem é o bicho original que dá nome a estes seres... O seu nome só surgiu por causa da minha mania brasileira de diminuir nomes e acabar criando um apelido para o apelido. O bicho original? Taturana.

Não tenho nada contra você, só contra os apelidados. Tenho me esforçado pra achar outro apelido (até porque "tatu" fica demasiado fofinho pros seres em questão), mas o seu nome é tão curtinho e sonoro que tem sido difícil me desfazer do apego e pensar em outra opção.

Não me leve a mal, continuo te achando uma graça.

Quando receber, me avisa.

Beijinhos,
Mari.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

querido silêncio,

O que você fez de mal às pessoas para elas fugirem tanto de você?

Quer dizer, qual o mal em ficar calado? Ou em apreciar a falta de conversa, música, zuada de onde quer que seja?

Acho que as pessoas perderam a capacidade de perceber o quanto você é legal. Elas não param só para escutar o outro e as coisas em volta, sem intervir. Não conseguem assistir a uma discussão e não necessariamente abrir a boca. Nem entrar numa rede social sem sentir a desesperada necessidade de compartilhar uma opinião sobre o assunto que todo mundo está comentando (está aí a tenebrosa época de eleições que acabou ontem como exemplo).

E o silêncio da natureza?! Aquela coisa de sentir insignificante ante a imensidão da natureza e das grandes paisagens e apenas curtir o barulho do mar, do vento, do mundo girando enquanto se fica ali parado?! Não rola tanto mais, pelo visto.

Elas te acham desconfortável, sabe. Acham constrangedor simplesmente estar ao lado de alguém, seja tomando uma cerveja no bar ou retomando o fôlego depois do sexo, e não falar nada, só apreciar o prazer da presença da outra pessoa.

Uma lástima isso.

Fora que você ficar quietinho no seu canto não ajuda muito, né.

Mas precisamos de você. Resista ao desprezo e, quando receber, me avisa.


Beijo,

Bel 







domingo, 26 de outubro de 2014

querida Sessão 42,

Quatro anos depois e não te reconheço! Antes chegava e votava em menos de 2 minutos. Votava que nem sentia!

Mas no 1º turno de 2014 o lugar já não era o mesmo, nem o tamanho da fila e nem as pessoas que nela estavam. Todos que pediram transferência para o colégio eleitoral foram parar na última sessão e, junto com eles, todos que têm prioridade na hora da votação. 

Tudo bem até aí, era muita gente, todos esperando para exercer seu direito ou cumprir com a obrigação. Mas ter que esperar duas horas e meia para votar foi sofrido! 

2º turno confirmado, esperança de que seria impossível demorar tanto para votar em um candidato só com dois números, por favor!

Porém a urna, o ponto biométrico e os mesários tornaram tudo uma zona de verdade.

Depois de uma hora de fila e muita reclamação daqueles, inclusive eu, que já tinham perdido tempo suficiente para votar nas próximas eleições até 2028, decidiram trocar a urna eletrônica. Mas esqueceram o ponto biométrico. E os mesários para dar essa dica, onde estavam?!

Enfim, a sessão 42 já foi amor, agora é ódio. 

Espero que daqui a 4 anos os organizadores da festa da democracia se concentrem mais no staff da festa do que na montagem do palco.


Quando receber, me avisa e toma providências! 

Abraços,
Samira.
















Samira Lopes é Relações Públicas, uma das mentes pensantes do Programa de Humanização do Hospital Universitário da UFMA e uma eleitora bem exigente.  



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

querida Vida,

Você é muito surpreendente, sabe? Há 25 anos te conheço, mas ainda me pego estarrecida com tudo o que pode acontecer em você. Lembro de já ter passado um bom tempo, imaginando porque a gente tinha se encontrado, porque  você estava comigo e o que isso me dizia sobre as minhas responsabilidades nesse mundo.

Teve épocas em que eu fiquei, não exatamente com raiva, mas desapontada por você ter colocado no meu caminho pessoas que me desapontaram ou que não puderam ficar mais. Mas, recentemente, eu tenho sentido uma coisa bem diferente. Não que antes eu não fosse grata por ter você, mas, agora, dei pra achar bonito isso de você sempre se renovar, sempre trazer novos projetos e sempre colocar novas perspectivas na nossa frente.

O objetivo dessa carta é te agradecer. Não sei exatamente pelo quê, por isso, arrisco dizer que é por me dar a oportunidade de construir essa identidade do que eu sou. Obrigada por estar comigo, por ser sem graça (mas nem sempre) e por sempre ter sido relativamente fácil, rs.

Quando receber, me avisa, mas não precisa se empolgar e bolar reviravoltas que assim já está muito bom.

Abraços,
Seane.


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

querida ansiedade,

Há muito tempo não sentia a tua presença. Estava tudo muito ótimo até que, hoje, você apareceu colocando minhas pernas para tremer, minhas unhas a acabar, exilando minha concentração profunda.

Espero sobreviver a essa sua passagem. Depois das cinco, te darei tchau. Como te conheço bem, sei que tu voltas em novembro, mas espero te dar adeus no fim do próximo mês, quando a serenidade chegar relaxando os meus ombros.

Cordialmente, 
Carolina.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

querida casa nova,

Antes tarde do que nunca, meu Deus do céu!

 Já estava pra surtar tendo que lidar com eleições, agência, planejamento das férias e, de quebra, essa mudança que nunca acontecia. Antes de tudo, achar um lugar que tivesse o preço, a localização, as características e que ainda agradasse a todas as moradoras foi uma tarefa nada menos que EXAUSTIVA.

Mas, depois de uma longa turnê pelas imobiliárias, encontrei a casa que queria mais perto do que imaginava! E aí eis que a burocracia era longa como o purgatório. Passada essa fase, a mudança em si foi outra maratona de caixas, limpezas e itens quebrados.

Mas acabooooou! Agora tenho a cozinha que eu queria pra cozinhar tudo que me der na telha, o quarto com espaço pra todos os meus bagulhos e um quintal com uma mangueira giga que faz inveja na vizinhança inteira!

Que esse ano que passaremos juntas seja lindo (sim, um ano, porque depois disso vou pro meu próprio canto, comprado por mim, mas você será uma bela inspiração e ensaio, viu?).

Fique com as janelas abertas e, quando receber, me avisa.

Beijos

Bel 



sexta-feira, 10 de outubro de 2014

querida São Luís,

Por que você está nos maltratando tanto? Tudo bem, eu sei que você vai argumentar que não é você, mas as pessoas que moram aí e, principalmente (?), as pessoas que te governam, mas de qualquer forma, queria dedicar essa carta para você.

Hoje é sexta-feira e ainda agora estou contando para os amigos distantes que, na segunda-feira, dois amigos e mais um conhecido foram esfaqueados ao voltar de uma festa! Ainda agora tento falar disso sem parecer muito chocada e desesperada, sabe. Ainda agora tento pensar apenas que Alexandre e Kelvin estão bem.

Eu sei que você vai tentar me explicar o que aconteceu e todas as circunstâncias, mas, cá entre nós, a gente sabe que não tem explicação. Assim como não tem explicação para, menos de um mês atrás, o pai do meu colega de apto ter sido baleado!

São Luís, tenho que confessar: eu estou com medo. Estou com medo pelos meus pais e amigos que estão aí. E, mais ainda, estou com medo de associar toda essa violência injustificável à imagem amada que eu tinha de você.

Não deixa a gente se conformar com isso! Não deixa isso continuar! Por favor!

Quando receber, me avisa.

Meus pêsames,

Seane.


domingo, 5 de outubro de 2014

querido colaborador da NET,

Ao qualificar como “inacreditável” sua oferta de conexão mais rápida, provavelmente o senhor já havia procurado conter minhas expectativas sobre o serviço que é obrigado a oferecer.

Sei que o senhor não tem opção ao tentar vender serviços cuja qualidade não dependem das (nem são garantidas pelas) suas palavras. Talvez se o senhor pudesse escolher como empregar seu tempo e sua lábia, poderia dedicar seu talento para convencer seus interlocutores de verdades mais importantes – como o fato de que a distância entre a realidade e as promessas é tão grande quanto os 0s e os 1s binários que aguardam sua saída ou chegada no meu roteador. Mas talvez verdades assim não rendam tanto quanto propagandas de conexão; porque, afinal, queremos acreditar que é possível conectar-se aos outros como o senhor acessou meus instintos de confiança infantil e crédulo otimismo.

Essa carta ainda aguarda o retorno da conexão para ser enviada, mas já cumpre o mesmo efeito tranquilizador (e a mesma ineficiência) de um ataque enfurecido pelo telefone contra quem não é culpado de nada além das limitadas possibilidades de trabalho para seu talento em ouvir ofensas sem reagir fora do roteiro de respostas programadas.

Quando receber, me avisa por sinal de fumaça, ou pombo correio.

Ivan.










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Ivan Paganotti é jornalista, professor, doutorando em ciências da comunicação na USP e autor do blog 8 frases.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

querida segunda-feira,

Não é por nada, não, mas já perdi as contas de quantas vezes estragou meu juízo. Você levanta sempre das profundezas da vida gostosa e curtida, detonando a minha cabeça. Você é a mãe de toda lentidão e os reflexos da tua chegada desatam sequências de trapalhadas em mim. 

Hoje estacionei torto, errei caminhos e nomes de documentos, me perdi inúmeras vezes na linha de raciocínio.

Esse post é para dizer apenas que sobrevivi. Amanhã, como quem toma pequenas doses do composto alergico para curar alergias, o dia promete ser menos atrapalhado. Na sexta estaremos incríveis. 

Continue vindo por anos e anos, mas venha numa boa, em missão de paz e, quando receber, por favor, me avisa.

Abraços, 
Carol

domingo, 28 de setembro de 2014

querido estômago,

Nós sempre tivemos uma relação bem bacana. Como sempre fui bastante saudável, você nunca acabou sobrecarregado, de alguma forma. Aquelas dores que algumas pessoas sentem... ufa, você nunca passou por isso - e olha que já são 32 anos de existência.

Mas sabe uma coisa que eu não entendo? Mesmo comendo de 3h em 3h, é como se você estivesse sempre vazio. Seu danadinho! Acaba mandando sinais para o amigo cérebro que acabam se transformando naquele sentimento eterno de... fome.

Nos últimos anos, pode falar, eu caprichei nos quitutes. Você acabou recebendo o melhor que uma pessoa pode dar. E teve de tudo: comida ~fit~, comida ~pesada~, doce, salgado... Você não faz muita distinção, né? Adoro gente que aceita de tudo! ♥ Infelizmente, nem sempre tudo que acaba entrando faz bem pra ti e a gente tem alguns deslizes, inclusive que me fazem mal (desculpa pelo que aconteceu no Peru? Desculpa?).

Tirando esses percalços, pode contar comigo para escolher os melhores ingredientes, as receitas mais divertidas e gostosas. Porque quando cozinho, eu só penso em você. Em mandar pra ti algo cheio de energia boa, como um abraço daqueles bem apertados que enchem a nossa barrinha de energia.

My dear stomach, eu te amo. Quando receber, me avisa.

Raquel.







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Blogger nas horas vagas (e profissionais), a Raquel Arellano é dona do Maionese, um catálogo de inspirações e bonitezas que enchem os olhos de qualquer um. Mas ela trata tão bem do estômago que resolveu criar o Gordelícias pra compartilhar com todo mundo o que ela anda aprontando na cozinha (e nos restaurantes, sorveterias, padarias, bares... hmmm, deu fome!). 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

querida corrida,

Sei que passamos muito tempo afastadas, mas tem sido muito bom te reencontrar. Quer dizer, tem sido uma mistura de sentimentos.

Quando estou trocando de roupa, é aquele sentimento "uhuuu, acabou o dia de trabalho e vou correr!"; no começo é um "agora vai!"; no meio, só me pergunto por que eu faço esse tipo de coisa e no fim... no fim, eu já estou pedindo pelo amor de deus que acabe e me prometendo que nunca mais faço isso.

Mas a verdade é que depois que me alongo e que o sentimento de miserabilidade passa, já estou pensando na próxima corrida. Ainda estou longe de ser uma corredora exemplar, mas espero um dia chegar lá (mas vou devagar, tá bem?).

Quando receber, me avisa. E, por favor, me maltrata menos na próxima vez.

Abraço (de longe, porque não gosto de abraçar suada),
Mariana.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

queridas eleições,

Por favor, passem logo, antes que eu enlouqueça!

Nada contra o maior espetáculo da democracia brasileira (por mais ressalvas que eu tenha, mas que já renderiam outra carta). São as campanhas que matam.

Pra quem está dentro ou fora dessa história toda, é um troço desgastante demaaaais: é jingle, é vídeo, é áudio, é carro de som que não deixa a gente falar no telefone na rua, é cartaz pra todo lado sujando a cidade toda, é trabalho pra varar a madrugada e pular o almoço.

Foi muito bom estar com você, mas já deu pelos próximos dois anos, né?

Vai ali dar uma volta e retorna só em 2016, pra ver se daqui até lá sinto alguma saudade.

Quando receber, me avisa e manda o resultado do pleito.

Beijos,
Bel




PS: Você também tem responsabilidade no fato de estar há semanas sumida aqui do blog, afogada em textos pra político. Desculpa, meninas. Desculpa, galera.



domingo, 14 de setembro de 2014

querida quina da parede,

Preciso dizer que os nossos encontros não vão nada bem. Não me leve a mal, gosto de sua presença e acho mesmo super importante que a gente tenha uma parceria. Eu a mantenho sempre limpa, você me ajuda a dividir os cômodos da casa e acho justo que a gente troque umas ideias. Me divirto com o seu ponto de vista mais parado, enquanto eu falo mais do movimento, do ir e vir, dessas coisas de sair em busca do que queremos. Acredito que, no fim das contas, são as diferenças que nos mantém mais próximas. 

O problema mesmo são os encontros mais efusivos, entende? Estes são doloridos demais para mim. Sabe o mindinho, aquele do dedão do pé? No último esbarrão que tivemos, quase não se recupera – ficou meio assim de lado, como quem não quer mais voltar à brodagem e parceria dos outros quatro amigos. E você sabe como isso me magoa e, principalmente, como isso dói: e esta dor, para ser bem curada, só depois do terceiro ou quarto palavrão. E aí você se chateia, acha que é pessoal. Eu perco a paciência, nos desentendemos e acaba ficando ruim para nós duas. 

Queria que você entendesse que não é pessoal. Quando acontece a mesma coisa com as quinas dos móveis e do balcão, eu reajo do mesmo jeito; talvez eu não seja muito boa com quinas de maneira geral e, ao mesmo tempo, possuo uma indecifrável capacidade de encontrar vocês, assim, de supetão, seja onde estiverem.  Enfim, é isso. Todo relacionamento precisa de ajustes, não é? Espero que você esteja disposta a entender o meu lado. Fica bem, juízo por aí. O mindinho tá aqui, ainda magoado, mas desejando que as coisas se resolvam.

Quando receber, me avisa.

Cândida.











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Cândida Nobre tem tantos apelidos que seria impossível listar todos. É viciada em pipoca, usa filmes como desculpa para comer baldes e baldes sempre que pode e acaba gostando de alguns deles. 

sábado, 13 de setembro de 2014

querido mar,

Eu sei que nesses últimos dias eu tenho agido feito uma doida, mas todos os aplausos a você são de coração. Diariamente, na ida ao trabalho te vejo ali, lambendo a orla, se mostrando imponente e também impiedoso com quem se arrisca a te enfrentar. 

Nos dois últimos dias, teus movimentos de avanço coincidiram com a minha passagem pela avenida Litorânea.  Te vi jogar o sal no ar refratando a luz do sol da manhã. Toda vez que isso acontece é difícil dirigir já que meus olhos querem engolir a beleza desse movimento natural e pouco se preocupam com as curvas e sinais da via. 

Quando a avenida finda, você continua e eu pego outra via rumo ao trabalho. São aproximadamente 10 minutos de contemplação diária. Só me resta aplaudir, perder momentaneamente o controle do carro, seguir em frente com pulmões cheios do teu cheiro, do teu sal. 

Quando receber, me avisa.

Beijos,
Carol



quarta-feira, 10 de setembro de 2014

querida gripe,

Vou ser bem direta: ou vem ou sai de cima! Não aguento mais essa expectativa. Faz três semanas que você parece que vem, mas não vem ou, pelo menos, não vem de uma vez por todas. Assim fica difícil de tratar os sintomas, sabe.

O pior de tudo é que eu não sei quando vou acordar bem e quando vou acordar com dor no corpo e dor de cabeça. Com o nariz entupido até já me acostumei. Os instrutores da academia tão achando que eu to mentindo, porque faz umas três semanas que tô diminuindo os pesos porque "tô meio gripada".

Vamos resolver logo isso. Se você quer me deixar doente, venha logo, mas passe rápido!  

Quando receber, me avisa e aproveita que é só hoje que tô fazendo essa oferta.

Abraço,
Seane.


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

querido Tempo,

Me permita todos os clichês.

Como você passa rápido... Há um ano estavámos nós pensando em uma forma de nos cobrar os detalhes cotidianos, elaborando plano de periodicidade, escolhendo layout, pensando no modelo. Foi só há um ano. Parece que foi ontem ao mesmo tempo em que parece que tudo aconteceu há dez.

Parece também que estamos há tanto tempo de 2014 que até tinha esquecido o ano bosta que foi 2013. Apesar de eu ter mandado muitas cartas para amigos, família e para a copa nos últimos doze meses, em setembro do ano passado eu estava focada em jogar na cara desse ano o tanto que ele foi uma merda

Algumas coisas retornam, como num ciclo que não virou porque 2013 não foi generoso. Nesse setembro, vamos de permanências, escrevendo mais uma vez sobre ansiedade pré-seleção e sonhos malucos com a Elke Maravilha. 

Daqui para frente, só posso garantir que não irei reclamar de 2014 que, de tão longo, já deu tempo de ser ruim e bom, mesquinho e generoso, injusto e justo.

Quando receber, me avisa.

Abraços,
Carol

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

queridos leitores,

Hoje, nós queríamos que, além de leitores, vocês também fossem os convidados da festinha imaginária de aniversário de um ano do QRMA. Não se preocupem que não vamos pedir pra ninguém trazer um cento de salgado, nem duas garrafas de refrigerante. Tá tudo aqui e os brigadeiros são todos gourmet, porque, claro, a festinha é só imaginária mesmo (rs).

Há um ano, Carol estava tendo sonhos estranhos com Elke Maravilha, Seane estava indignada por não ter visto preguiças e botos cor-de-rosa em Manaus, a impressora de Mariana estava passando por uma fase de difícil e Izabel estava tendo uma TPM daquelas!

365 dias, 187 posts, 22 convidados, 4 cartinhas dos leitores (cês são tímidos, né?), 415 fãs no Facebook e mais de 11 MIL visualizações depois, podemos dizer que muita coisa mudou! Claro que a TPM continua vindo todo mês, mas conseguimos nosso objetivo: ter assunto, saber um pouco da vida de cada uma todos os dias e, principalmente, conseguimos prestar mais atenção no que acontece no nosso próprio cotidiano (o que não é nada fácil, acreditem).

Seane, por exemplo, adorou escrever uma carta super estranha em nome da sua planta, pedindo para o seu colega de apartamento regá-la (mesmo que nunca tenha funcionado). Ela também deve ser a grande vencedora do prêmio mimimi do QRMA. Eita menina pra ter frio e sono!

Izabel criou a tag corrida e até mandou uma cartinha de agradecimento pro avaliador físico dela. Sem falar que deixou todo mundo com olhos marejados depois de uma cartinha sobre amizade e saudade.

Mariana teve a oportunidade de mandar cartinha pra muitas pessoas que ela conheceu em Portugal. Ela foi tão “generosa” que mandou carta até pra namorada de um colega de casa. Também não passou despercebido que ela comemorou praticamente todos os feriados nesse período. Não tá fácil, né, Mari?

Carol, como era de se esperar, mandou muitas cartinhas pra tal da Copa. Aliás, ela não foi a única. Teve muita Copa no QRMA! Carol também merece ganhar o prêmio de mais amor do blog. Ela foi a que mais escreveu cartinhas para os amigos e para a família.

Nossos convidados fizeram postagens tão legais que é difícil destacar alguma. Foi tão lindo como eles abriram o coração e escreveram cartas tão fofas e espontâneas que a gente fica até sem palavras. 

Daqui a pouco, vamos soprar nossas velinhas e cortar o bolo. Nosso pedido não vai ser segredo... queremos continuar dividindo com vocês o nosso cotidiano e também queremos que vocês compartilhem conosco ideias, sentimentos e causos do dia-a-dia. O primeiro pedaço do nosso bolo vai para vocês ♥

Quando receberem, avisem.


Carol, Seco, Mari, Babel.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

querida Seane de um ano atrás,

Nós não mudamos quase nada em um ano! Lembra daquela sua carta reclamando de nunca ter visto bichos preguiça pessoalmente? Pois é, após um ano, você vai continuar inconformada com isso. 

Você vai continuar fazendo “own”e “ohhh” para vídeos de preguiça no facebook. Você vai continuar achando que elas te entendem. E, principalmente, você vai continuar esperando que o seu namorado algum dia te dê uma preguiça de pelúcia de presente.

Sei que nada disso que estou falando deve aliviar o rancor que você está sentindo por essa viagem para Manaus, mas posso garantir que esse sentimento vai ocupar menos espaço na sua cabeça do que você imagina. Nesse ano que nos separa, você vai terminar suas disciplinas na pós, vai viajar, namorar, rever a família, ganhar novos membros na sua família de São Paulo e ainda vai escrever o texto da sua qualificação. Aliás, estou enviando essa carta para pedir que você escreva bem esse texto, pois a qualificação é daqui a duas semanas e sou eu quem vai encarar.

Quando receber, não precisa me avisar já que eu sou você e não sei bem como funciona o correio com esse lance de passado e futuro.


Abraços,

Seane.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

querido tempo,

Vai ser apressadinho assim lá longe! Mais uns diazinhos eu eu já faço um ano de mudança pra Portugal. Viu como você passou rápido?!

E há um ano, 10 dias antes de viajar, arrisco dizer que estava envolvida em arrumação de malas e preparativos de mudança. E agora, depois desse tempo todo, estou fazendo o que? Isso mesmo, minhas malas!

Não vou sair de férias ou voltar pro Brasil, vou "só" mudar de casa. "Só" porque isso significa de novo enfiar todas as minhas 8923826374 mil tralhas em duas malas, descobrir que um ano é tempo de sobra pra acumular ainda mais tralhas e, de novo, me prometer que "nunca-mais-compro-mais-nada". Também significa revisitar memórias: a blusa que era da avó, o casaquinho que era da mãe, o livro [Saga Lusa] que o tio deu quando nem sabia que eu vinha para cá, o cuidado para transportar o Simão*...

Também é um momento de rever as escolhas - como ter comprado um pacote com 32 rolos de papel higiênico só porque estava em promoção e agora ter esse fardo para carregar pelo bairro -, e de tomar algumas decisões, como doar aquele vestido nunca usado em São Luís, trazido pra cá, e veja você!, nunca usado aqui também. E pra quem acredita que na vida os fatos vão se repetindo, toma essa estatística: há quase um ano atrás eu andava escrevendo posts envolvendo papel higiênico.

Já que estamos nesse momento de celebração, tenho alguns pedidos para fazer: passe beeeem devagar quando as minhas aulas começarem, tenho uma dissertação pra escrever (aimeudeus!) e preciso muito de muito tempo; passe mega rápido nos dias de aula e trabalho chatos; seja o Usain Bolt quando eu estiver tendo crises de saudade, mas uma lesma quando eu estiver com meus pais e amigos (pedido válido também para telefone, skype, whatsapp etc.), ok?

Quando receber, me avisa. E manda entregar minha encomenda no endereço novo.

Um abraço e um beijinho,
Mari.












*Simão é um macaco de pelúcia que ganhei aos cinco anos e dorme comigo desde então.