domingo, 2 de novembro de 2014

querido coque,

Preciso te confessar: sou apaixonado por ti. Tua beleza ofusca os demais penteados. Só tenho olhos pra ti. Sei que não devia me expressar dessa forma, pois corro o risco de você tripudiar sobre mim. Mas, quer saber? Quero correr todos os riscos ao teu lado. Nesse emaranhado de cabelos. Enroscar minha vida na tua, feito nó cego, pra não desatar mais.

Dizem que procuramos na nossa alma gêmea – sim, parece piegas, mas acredito em alma gêmea, aquele par de sapato velho reservado pra você, seu numero – um pouco da nossa mãe. Minha mãe usa diariamente o coque. Na certa, pela convivência, aprendi a reverenciar esse penteado. Ele valoriza o rosto. Deixa nu pescoço e nuca. Um claro convite, desses irrecusáveis.

Você nem desconfia, mas reprovei numa cadeira por sua causa. Me encantei com o balé de mãos duma moça no ônibus, era a necessidade do momento ver aquele coque feito, esperei hipnotizado e quando dei por mim estava noutro bairro, longe do ponto em que devia descer. Você me deve essa.

Noivas te usam em cerimônias de casamento, há prova maior da tua importância? E falando em casamento, pra quando marco o nosso? Imaginei na praia, primavera…

Espero que você me compreenda, que não fuja correndo por confessar minha paixão por ti e esteja disposto a me dar uma chance. Embarca nessa comigo.

Quando receber, me avisa.


Eduardo Papke Rocha














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Eduardo Papke Rocha tem 24 anos e é formado em educação física. Gaúcho e capricorniano, mas não acredita nesse lance de signos, acredita mesmo no amor. Ah, se apaixona mais no ônibus do que em balada. Tem um blog: O Barrense.

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