terça-feira, 31 de dezembro de 2013

querido pombo correio,

Desde setembro, você tem trabalhado bastante. Tem ido aos lugares mais distantes carregando os pacotes leves de tédio e raiva, e também mensagens pesadas de afeto e pesar das cartas de amor. Amor feliz ou amor triste da perda.

Todo ano se ganha e se perde alguma coisa. Nós ganhamos um elo com o blog logo depois ter perdido o contato físico constante. Todos os ganhos e as perdas na sequência foram colocados aqui. Nisso, ganhamos a companhia de centenas de leitores.

Foi um ano agitado. A Mariana foi morar em Portugal. A Izabel mudou de emprego. A Seane começou o mestrado e eu o conclui e lancei um livro. Ninguém plantou árvore e seria cafona dizer que o blog é um filho.

Em 2014, continuaremos aqui perto e longe. E você, pombo correio, continuará a voar o mundo, se preciso for.

Quando receber, traga notícias boas para o novo ano, e me avisa.

Feliz Ano Novo.

Beijos,

Carolina Diniz

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

queridas retrospectivas,

Sei que vocês estão sendo muito solicitadas nesta altura do campeonato, mas gostaria de pedir para vocês que não se esqueçam de colocar no balanço de 2013 alguns fatos que foram bem importantes para mim:

Esse ano eu comecei a minha nova jornada de estudos. Mestrado, finalmente!
Também tive que alugar um apartamento. Não é aquela maravilha, mas já tem jeitinho de casa improvisada.
O que me lembra de que esse ano eu também ganhei um sofá de um moço do twitter, graças à Mariana e ao moço que sempre faz as minhas mudanças!
Em 2013, eu acho que aprendi a ser sozinha. E, então, arrumei um namorado. Aliás, acho que aprender a ser só é fundamental para um relacionamento. Te ensina a respirar e deixar que o outro também o faça. Te ensina a não esperar demais e não soterrar a outra pessoa de expectativas.
Aliás, eu não só comecei a namorar esse ano. Mas comecei a namorar com ele: Geraldo. E se eu tivesse pedido ou escolhido um namorado, não teria escolhido ele. Teria escolhido, com certeza, uma pessoa que não seria nem metade do que ele é. Sabe como é, a gente nunca quer abusar nos pedidos.
Mas não foi só um namorado que me fez sentir amada esse ano. Em 2013, tive amigos do meu lado em todos os momentos. No meio do ano, para completar, ainda ganhei uma irmãzinha para todos os fins de semana.

Para resumir, em 2013, só ganhei desafios: o desafio de ser uma boa estudante, de fazer bons artigos científicos, de tentar alcançar meus sonhos, de ler mais livros, de amar, de perdoar, de deixar de ser passiva agressiva, de estar ao lado dos meus amigos, de tentar cuidar da minha família, de organizar as minhas coisas, de parar de fazer macarrão sem gosto, de ser uma boa babá para o filho da Lili, de procurar sempre concluir esses desafios. 

Quando receber, me avisem e me contem se vai dar pra incluir nos trabalhos de vocês.

Abraços,
Seane.

sábado, 28 de dezembro de 2013

querido cérebro,

Vamos desempacar? Por favor! Eu sei que não é sua vontade fazer esse trabalho, que você acha essa disciplina um saco e o professor um truqueiro. Só que não tem jeito, precisa fazer e quanto mais rápido isso for desenrolado, melhor!

E tem um pequeno detalhe... depois desse, ainda temos mais alguns trabalhos pra fazer. Já não aguento mais tanto quanto você, por isso, conto com sua colaboração para me ver livre dessa chatice. Quando receber, me avisa. E colabora.

Beijo,
Mari.






quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

querida Sté,

Resolvi não te mandar esta carta pra dizer que tenho saudades, porque eu já te disse isso, bem baixinho, naquele domingo, dia em que vi teu rosto sereno pela última vez e o arco-íris apareceu.
Prefiro escrever o que talvez tenha dito pouco ou muito sutilmente: a gente aprendeu muito uma com a outra. Eu aprendi demais.

Acho que o fato de sermos tão diferentes ajudou bastante, sabe. Era muito mais do que tu ser a loira sorridente e simpática e eu a morena séria. Eram gênios. Temperamentos. Jeitos de encarar a vida mesmo.
Se às vezes eu te achava emotiva demais, tu te incomodava com meu excesso de objetividade. Se tu achava que eu reclamava demais do cliente, eu te achava agoniada demais em entregar o job. Se tu ia linda, uma boneca, pro trabalho, eu ia de mendiga mesmo e sempre te escutava dizer que eu podia ter colocado aquela blusa lá, ou aquele cinto, ou ter colocado um saltinho. Se eu pensava cem vezes antes de gastar dinheiro com aquela festa que nem parecia ser lá essas coisas, em meia hora tu decidia que ia, arrumava ingresso e tentava me convencer de ir junto.

Mas foi justamente por conta de toda essa diferença que a gente aprendeu tanto. Tu já encarava o trabalho de outro jeito, já tentava lombrar menos com algumas pessoas (especialmente aquelas que te faziam chorar e me davam vontade de matá-las por isso), já via que nem sempre dava pra agradar todo mundo.
Já eu, só pra citar algumas coisas: muitos dos meus vestidos deviam te agradecer só de estarem lá em casa (muitas das bijus também); se hoje me arrisco mais, se me emociono mais, se demoro um pouco mais pra ligar o foda-se pro mundo, devo ao que aprendi contigo; a conversa que tivemos naquela dita sexta-feira, sobre a Mahikari e sobre como a raiva que sentimos dos outros normalmente são reflexos de não gostamos em nós mesmos, reverbera em mim até hoje e talvez tenha sido mesmo o dia em que mais aprendi.

Apesar de tu sempre ter dito que eu tinha cara/jeito/potencial pra professora, foi tu quem me ensinou mais. E ainda vai ensinar por muito tempo, toda vez que eu pensar em ti.

Fica em paz, minha amiga, meu mais novo anjo da aguarda. E, quando receber, me avisa.

Beijo,
Bel




segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

querida Mari,

Hoje faz um ano do "dia do desmaio". Sempre que lembro dessa tarde exclamo mentalmente: ESSE DIA FOI MASSA! 

Era só uma saída no domingo a tarde pra tomar um sorvete, quem sabe uma cerveja, quem sabe uma caipiroska na praia, quem sabe zerar o cardápio de caipiroskas do bar, quem sabe combinar todo o carnaval de 2013 e, pelo adiantado da hora, quem sabe virar a noite e comemorar o aniversário de Samanta já que estamos aqui, né?

Tudo bem que o "desmaio" foi no dia 24, mas sabemos que ele foi construído engraçadissimamente ao longo do 23 de dezembro. 

Quando receber, me lembra quantos pontos tu levou no supercílio e me avisa.

Beijos,
Carol.




domingo, 22 de dezembro de 2013

querida vida,

Será que rola de mandar uns manuais atualizados para mim? Estou me sentindo meio tonta. Mas não é de bebida ou uso de substâncias alucinógenas. Apenas não estou sabendo o que fazer nos últimos dias. Se não der para mandar um manual, manda uns acontecimentos mais fáceis de entender e relacionamentos mais fáceis de conduzir. Pode ser? Quando receber, me avisa.

Saudações,

Seane.


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

querido universo,

Não sei se essa carta é exatamente pra você, mas pelo que ouço de: "O universo tá de brincadeira com a minha cara" ou "Hoje o universo colaborou com meu dia", acho que é para você mesmo.

Enfim, voltando ao assunto... Olha, eu acho que já entendi que você trabalha num esquema de compensações, um dia tá ruim, outro tá ótimo (como esse cara aqui muito bem explicou). Mas precisa ser assim tão de supetão? Não pode ser um dia mais ou menos, outro legalzinho, outro nhé, outro até que vai?

Apesar dos pesares e da montanha russa em que você me meteu (ok, ok, eu que me meti), sei que são esses sustos (e alegrias, porque você também sabe ser gente boa) que fazem as histórias da vida e garantem as risadas no futuro. De qualquer forma, eu queria pedir para você aproveitar o clima de final de ano e pegar leve comigo, pode ser? Falta pouco pra 2014, acho que você consegue ficar tranquilo até lá. Quando receber, me avisa.

Beijoca,
Mari.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

querido novo cabelo,

Estou orgulhosa de você. Depois do nosso exercício de desapego, cortando aquele monte de fios, estamos indo bem. Quer dizer...

Beeeeeeem assim, temos testado tudo pra você ficar de boa, né. Achei bem ótimo chegar da academia na segunda-feira, lavar o cabelo, dar uma sacudida, uma amassada com o mousse e sair pro trampo. Mas ainda precisamos encontrar os parceiros ideais, nossas almas gêmeas. A penteadeira está cheia: mousse, spray ficador, pomada, reparador de pontas, xampus, condicionadores, cremes de massagem...

Só repara que, se você está menor, querido, a despesa também tem de ser. Então vê se escolhe logo um desses (de preferência o mais barato) pra se apegar e, quando receber, me avisa.

Beijos
Bel


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

querida inspiração,

Sofro de saudade de você. Entendo que, a essa altura do ano, você já esteja no seu direito de férias, mas veja bem, ainda temos uma semana útil no mês para dialogarmos. Você vem aqui. Te ofereço café, piscina, uma partidinha do jogo que você quiser. Não precisa se arrumar para aparecer: pode vir de chinelo, cabelo desalinhado. Olha, não precisa nem escovar os dentes. Sem você não estou conseguindo, nesta carta, nem passar deste parágrafo. E, no arquivo que está aberto no word, não conseguirei passar da primeira página. 

Só gostaria de virar o ano com pelo menos dez mil caracteres preenchendo aquele grande vazio que é o arquivo projeto.doc. Me ajuda, vai? 

Quando receber, me avisa.

Abraços, 
Carol

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

querido sono,

Volte! Sei que esse papo é manjado, mas tenho que te alertar. Todo mundo fala que essa menina Ansiedade é problemática. E, pelo que eu pude perceber nesses últimos dias, ela tem influenciado muito você. Cadê aquelas visitas longas que duravam das 00h até às 10h da manhã? E aquelas rapidinhas depois do almoço? Como você não vem, o Cansaço tem ocupado o seu lugar. Mas você sabe que não me dou muito bem com ele!

Sinceramente, nunca imaginei que você pudesse me deixar depois de tantos anos de parceria. Mas não estou aqui para lamentar e, sim, para implorar: volta pra mim essa noite, Soninho? Quando receber, me avisa.

Abraços,

Seane.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

querido Mandela,

Não vou me prolongar aqui, porque sei que sua Caixa de Entrada aí em cima deve estar lotada de tanto discurso, homenagem e oração que andam enviando.

Mas olha, parabéns por ter sido um dos poucos capítulos da história da África que realmente conseguiram chegar até nós, que pouco recebemos, na escola, algum conhecimento sobre esse continente tão rico e que nos deixou tanta herança.

Com atitudes exemplares, e outras nem tanto, o senhor deixou de ser gente pra se tornar símbolo, um alguém quase sagrado. E isso é muita coisa. A gente que fica tem que pegar o melhor e levar com a gente pra frente.

Ficamos lhe devendo um filme caprichado sobre a sua vida., mas ainda vai rolar. Descansa em paz aí e, quando receber essa mensagem no meio de tantas outras, me avisa.

Beijos, Madiba.
Bel




sábado, 7 de dezembro de 2013

querida copa do mundo,

É sempre muito polêmico falar sobre você, mas saiba que te aguardo ansiosamente. Existem teses e mais teses sobre alienação, ufanismo, sobre como as pessoas são atingidas, sobre como o evento influencia escolha de líderes, sobre como a economia gira e sobre como o planeta para. Ninguém mente, ninguém inventa nada. São todos pontos válidos. São as minhas verdades. São os nossos discursos. Assim o mundo segue discutindo a prática esportiva, a eleição dos heróis, os afetos e os ódios. É o normal. 

Teorias a parte, quero dizer a você que uma das primeiras lembranças que tenho da minha infância é daquele moço que usava rabo de cavalo, que vestia azul, que andou com a bola debaixo do braço do meio do campo até perto do gol, arrumou a bola no círculo branco, deu alguns passos pra trás, correu pra chutar e jogou a bola longe. Eu tinha seis anos e comemorei, mas juro que fiquei com pena do moço. 

Quero aproveitar para confessar a você que por muito tempo fui magoada com os franceses. Por que, Zidane? Por que, Henry? Puta merda, Roberto Carlos! 

Mágoas a parte, esta carta é para lembrar que espero emoção. Quero vagas decididas nos pênaltis. Quero zebras. Quero hinos cantados com toda força. Quero Ronaldinho de falta, quero destempero do Zidane, quero uma mãozinha (que pode ser de Deus ou nem tanto), quero cavadinha do Loco Abreu. Quero Bósnia x Croácia. Irã x Eua. Brasil x Argentina.

Anote os meus pedidos e minhas considerações e, quando receber, me avisa.

Cordialmente,
Carol. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

queridos homens,

Eu sei. Devo ser chata com vocês. Principalmente quando fico falando: “isso é machismo”, “esse cara é misógino”, “mulheres são estupradas por amigos e conhecidos”, etc.

Deve cansar e vocês, muito provavelmente, devem pensar que tudo isso faz parte dessa nova moda de mulheres engajadas com o feminismo. Bom, desculpem qualquer coisa. Mas é que eu, mulher, também estou cansada.

Cansa a gente ter que explicar pras pessoas, por exemplo, porque não dá pra rir de um vídeo genial dizendo que “se você gosta de mulher (vulgo “escravo de buceta”), você nem deveria poder usufruir de todos os avanços tecnológicos que os HOMENS conquistaram”. Cansa mesmo! *respira profundamente*

Mas aí, em um dia comum de piadas machistas e TPM, eis que surge um vídeo de um homem (MESMO) que quer ter uma conversa com vocês. https://www.facebook.com/photo.php?v=10152116670191495

Assistam aí e, quando receberem, me avisem.

Abraços,

Seane


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

querido celular,

Sei que você não é nenhum Nokia a prova de tudo e de todos. Também estou ciente que dois anos de uso são quase uma eternidade pra essa geração de smartphones criados no leite com pera, mas quero te pedir uma coisa: guenta aí, cara!

Não estou em condições de substituí-lo, então, para de travar dez vezes por dia (cinco e não se fala mais nisso, ok?!), faz essa bateria render e não fica mudando a hora ou os toque de chamada/mensagem quando bem entender (aliás, que loucura é essa, meu filho?).

Sou muito grata pelos seus serviços e, por mim, continuaríamos juntos por mais bastante tempo. A decisão de partir é toda sua. Fica mais um pouco, faço até um bolo. Quando receber, me avisa.

Um abraço apertado,
Mariana.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

querido ferreiro,

Não sei quem lhe mandou colocar um espeto de madeira em casa, em vez de um de ferro, mas o senhor me causa um grande prejuízo com esse seu ditado:

Casa de ferreiro, espeto de pau.

Eu, uma pessoa com duas (!) graduações em Comunicação Social, sofro adivinhe de quê? Problemas de comunicação. Acerto no slogan, na defesa, no roteiro, mas erro pra resolver coisas simples com as pessoas. Acho que uma parte é culpa sua, outra (quase toda), minha.

Vamos rever essas nossas práticas, porque nossas imagens tão em jogo, querido.
Vai pensando nisso aí e, quando receber, me avisa.

Beijo
Bel