Por que você está nos maltratando tanto? Tudo bem, eu sei
que você vai argumentar que não é você, mas as pessoas que moram aí e,
principalmente (?), as pessoas que te governam, mas de qualquer forma, queria
dedicar essa carta para você.
Hoje é sexta-feira e ainda agora estou contando para os
amigos distantes que, na segunda-feira, dois amigos e mais um conhecido foram
esfaqueados ao voltar de uma festa! Ainda agora tento falar disso sem parecer
muito chocada e desesperada, sabe. Ainda agora tento pensar apenas que Alexandre e
Kelvin estão bem.
Eu sei que você vai tentar me explicar o que aconteceu e
todas as circunstâncias, mas, cá entre nós, a gente sabe que não tem
explicação. Assim como não tem explicação para, menos de um mês atrás, o pai do
meu colega de apto ter sido baleado!
São Luís, tenho que confessar: eu estou com medo. Estou com
medo pelos meus pais e amigos que estão aí. E, mais ainda, estou com medo de
associar toda essa violência injustificável à imagem amada que eu tinha de
você.
Não deixa a gente se conformar com isso! Não deixa isso
continuar! Por favor!
Quando receber, me avisa.
Meus pêsames,
Seane.
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