sexta-feira, 24 de julho de 2015

queridos sisos,

Como foi bom me livrar de um de vocês. Ainda faltam três dos seus irmãos, mas já sinto que venci um pouco tendo coragem de tirar do meu corpo uma parte sã, mas que, simbolicamente (e também na prática, vai) me perturbava.

Me lembro bem quando vocês nasceram. Tive todos os sisos, todos os juízos, antes dos 20 anos. Nem deu tempo de ter esperanças de fazer parte de uma geração que já tem, como traço de evolução, a ausência desses dentes. Mas vocês foram lá e nasceram naquele resto de espaço no fim da boca. Doeram, não romperam a gengiva com facilidade, me deixaram molinha, mas pelo menos tiveram a decência de nascer todos de uma vez só.

Queria arrancar todos de uma vez só, mas não tenho o traço evolutivo que me faz ter esse grau de coragem. Nisso, fui ao dentista, sentei na cadeira, me equipei com óculos, babador, coragem. Recebi a anestesia que logo deixou metado do meu rosto dormente.

Quando senti um metal descendo a gengiva, entre o siso e o último dente, uma lágrima escorreu. Não doeu, foi só pavor. Ouvi e senti o estalar do osso se deslocando. Mais uma lágrima escorreu, o sangue tomando conta da minha boca e, em seguida, a felicidade de ver que o dente saiu cumprindo sua função de dar espaço para o alívio.

Os outros três ainda são metas não riscadas do meu planejamento de 2015. Mas serão tirados. Não chegarei aos 28 com todos os juízos.

Quando receberem, avisem.

Beijo suavemente banguela,
Carol

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